Mesa-redonda sobre racismo e sexismo em práticas jornalísticas encerra IX Semana Acadêmica de Comunicação

Conversa foi direcionada para empoderamento, autonomia e protagonismo para pessoas que são invisibilizadas no jornalismo

Maria Fernanda Arival

A mesa-redonda “Racismo e Sexismo Epistêmico: Práticas jornalísticas e resistências” encerrou a IX Semana Acadêmica de Comunicação (Seacom) do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac), com a participação das pesquisadoras Márcia Veiga e Fabiana Moraes, mediada pela professora e pesquisadora Fernanda Salvo, ocorreu de forma online, no dia 12 de agosto.

A pesquisadora Márcia Veiga discutiu sobre o racismo e machismo naturalizado na sociedade e no campo jornalístico por vezes de forma inconsciente e automática e como o jornalismo deve ser descolonizado a partir de novas fontes de pesquisa e estudo. Além disso, Veiga conversou sobre a importância do entendimento sobre a hierarquia de poder dentro do jornalismo e estrutura de conhecimento epistêmico voltado aos valores masculino, heterossexual e branco.

“O que esses sujeitos pensam e produzem com valor de verdade, é uma verdade colonizada. Tudo que não é esse sujeito universal é considerado diferente e essa diversidade é construída como desigualdade. A forma como o poder opera é hierárquica”, afirma a pesquisadora.

Fabiana Moraes discutiu sobre os livros-reportagem que escreveu ao longo de sua carreira de jornalista com base em temáticas como raça, classe, gênero e território. Os títulos explorados pela pesquisadora foram “A vida mambembe”, publicada em 2006 no Jornal do Commercio, “Os Sertões”, de 2009, fala sobre Soneide, personagem feminina vaqueira desde os 17 anos, “Quase brancos, quase negros” de 2010, que analisa raça e classe e “O nascimento de Joicy” de 2015, sobre a vida de uma transexual brasileira.

“As pautas com as quais a gente trabalha, que a gente vai pensar e articular os fenômenos do mundo dentro do jornalismo, são ferramentas ativistas por si. É algo que se repete nessas reportagens. As pautas são maneiras de desestruturar olhares anteriores que geralmente trazem sub-representação e violência muito forte sob outras existências”, afirma a jornalista.

Seacom online

A Semana Acadêmica de Comunicação do curso de Jornalismo da Ufac aconteceu pela primeira vez de forma online e contou com a participação de jornalistas, pesquisadores e professores em três mesas-redondas, com aproximadamente 90 participantes cada.

A aluna do 2º período do curso, Rafaela Rodrigues, participou pela primeira vez da Semana e conta que a experiência foi enriquecedora. “Fico triste por não participar da Seacom de maneira física. Foi importante para mim, pois me aproximar do curso que eu escolhi para estudar e formar está me fazendo bem”, afirma a aluna.

O evento realizado completamente através da plataforma online Google Meet, possibilitou a presença de alunos de outras Universidades do país, como a discente Carine Ferrari, do 8º período de jornalismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), localizado em Campo Grande – MS.

“Essa é a primeira vez que participo da Seacom e tive uma ótima experiência. Os assuntos das conversas são atuais e nos fazem questionar sobre o real significado do papel de um jornalista na sociedade e finalmente entendermos que nosso trabalho é uma ferramenta de mudança social”, enfatiza Ferrari.

Para as alunas, a realização da Semana Acadêmica em meio à pandemia do Coronavírus é modo de promover uma vivência e aproximar os acadêmicos da Universidade. “O formato virtual ainda possibilitou um maior contato entre acadêmicos e jornalistas de diversas regiões. Essa troca é incrível para vermos que não estamos sozinhos na luta do que realmente significa fazer jornalismo”, finaliza a estudante da UCDB.

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