11ª SEACOM DEBATE SOBRE OS DESAFIOS DO JORNALISMO NA ERA DA DESINFORMAÇÃO

A luta contra a desinformação é uma das prioridades do jornalismo atualmente

Lucas Thadeu Lins

A história do jornalismo é repleta de desafios e adversidades, mas nunca antes o profissional da imprensa enfrentou uma ameaça tão grande quanto a da desinformação. Estamos vivendo na era da informação, caracterizada pela evolução da tecnologia e da comunicação, que permitiram avanços significativos em velocidade e periodicidade.

No entanto, o acesso fácil à informação também trouxe consigo a propagação de notícias falsas, que ameaçam a credibilidade e a confiança do público no jornalismo. É fundamental que os jornalistas fortaleçam sua ética e os mecanismos de segurança, garantindo a valorização do trabalho jornalístico tanto no Brasil quanto no mundo. A luta contra a desinformação é uma das maiores prioridades do jornalismo atualmente.

Este advento levou à criação de agências especializadas em fact-checking nos últimos anos. Essas agências ou departamentos dedicam-se apenas à verificação de fatos e dados, buscando confirmar e comprovar as informações usadas em discursos e publicações nos meios de comunicação. O objetivo das agências de checagem é detectar erros, imprecisões e mentiras. Confira algumas agências de checagem que estão sediadas no Brasil:

● AFP Checamos: https://checamos.afp.com/afp-brasil
● Agência Lupa: https://lupa.news
● Aos Fatos: https://www.aosfatos.org
● Boatos: https://www.boatos.org
● Comprova: https://projetocomprova.com.br
● E-farsas: https://www.e-farsas.com
● Estadão Verifica: https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica
● Fato ou Fake: https://oglobo.globo.com/fato-ou-fake
● UOL confere: https://noticias.uol.com.br/confere

Jornalismo no Acre

No Acre, a Rede Amazônica se adaptou para garantir a credibilidade do jornalismo profissional. Dayane Leite, chefe de reportagem da emissora, trabalha há mais de 10 anos na área e explica que há alguns anos atrás, as denúncias eram feitas principalmente por telefone fixo. Na época, a equipe precisava se deslocar para realizar a apuração antes de divulgar as informações.

“As denúncias chegavam por telefone fixo ou ligação telefônica, a nossa checagem naquele período era mais in loco, não tínhamos ferramentas como o WhatsApp, então uma equipe se deslocava para fazer a apuração e só aí veicular os fatos”, disse.

Com a chegada das redes sociais digitais, a quantidade de informação aumentou, mas nem sempre essas informações são confiáveis. Segundo Leite, é necessário verificar com os envolvidos antes de veicular qualquer informação. “Nós recebemos tudo instantaneamente, mas nem sempre esse tudo retrata o que está acontecendo, é nesse momento que a gente inicia o processo de apuração com autoridades e envolvidos”, afirmou Leite.

A desinformação pode ser mais do que apenas mentira. Em tempos de campanhas políticas, por exemplo, é comum ver manipulações em discursos, o que pode exagerar dados e influenciar a opinião pública. Isso contribui para a degradação do debate público.

Segundo o jornalista Itaan Arruda, o jornalismo se destaca pela questão ética no exercício da profissão, e na sua opinião, a ética já foi muito negligenciada. “Essas mudanças na comunicação trouxeram embates que estavam adormecidos, como por exemplo, a questão ética, por vezes a tratamos com desleixo, e hoje temos que ser mais vigilantes sobre este assunto.” O jornalista frisou ainda que muitos profissionais não estão sequer dispostos a debater sobre o tema e que isso é um problema grave, principalmente, no que se refere a prática do jornalismo sensacionalista.

Jornalista há mais de 20 anos, Ayres Rocha fala que a desinformação sempre existiu, e que poucos davam importância, mas com a chegada das novas tecnologias, esse tema ganhou mais atenção: “eu acredito que a desinformação, as informações falsas, sempre existiram. Há duas décadas, as informações também eram repassadas conforme os interesses dos empresários dos meios de comunicação ou do poder público.” Segundo o jornalista, essa preocupação não era assistida por profissionais de redação e era tema somente para especialistas e críticos.

Rocha relembra ainda a origem da popularização das fake news, e como elas influenciaram as eleições norte-americanas de 2016: “O termo fake news ganhou força mundialmente em 2016, durante as eleições nos EUA, quando surgiu um enorme volume de informações e fatos com intenções duvidosas. Informações que persuadiram milhares de pessoas que não tinham acesso aos problemas reais da ocasião.”

Há mais de duas décadas na prática do jornalismo profissional, Ayres Rocha fala ainda que a desinformação é um problema diário no exercício da profissão: “com o avanço da tecnologia, a desinformação se tornou parte do dia a dia do jornalismo e um grande desafio para os profissionais da comunicação.”

Como identificar uma desinformação?

Seguem algumas dicas:

● Avalie a fonte, o site, o autor do conteúdo: muitos sites publicadores de notícias falsas têm nomes parecidos com endereços de sites de notícias. Portanto, avalie o endereço e verifique se o site é confiável. Também veja se outros conteúdos do site também são duvidosos.
● Avalie a estrutura do texto: sites que divulgam desinformações costumam apresentar erros de português, de formatação, letras em caixa alta e uso exagerado de pontuação.
● Preste atenção na data da publicação: veja se a notícia ainda é relevante e está atualizada.
● Leia mais que só o título e o subtítulo: leia a notícia até o fim. Muitas vezes, o título e o subtítulo não condizem com o texto.
● Pesquise em outros sites de conteúdo: duvide se você receber uma notícia bombástica que não esteja em outros sites de notícia.
● Veja se não se trata de site de piadas: alguns sites de humor usam da ironia para fazer piada.
● Só compartilhe após checar se a informação é correta: não compartilhe conteúdo por impulso. Você é responsável pelo o que você compartilha.

Desinformação é pauta na Seacom

No dia 01 de março, teremos na Seacom, a palestra de abertura com o tema: “o desafio do jornalismo na era da fake news”, o convidado será o Prof. Dr. Rogério Cristofoletti (UFSC), mediado pelo Prof. Dr. Milton Chamarelli Filho (UFAC). A palestra inicia às 18:15.

No segundo dia de Seacom, dia 02 de março, traremos a palestra com o tema: “Jornalismo e fact-checking”, com a Prof. Dr. Taís Seibt (Unisinos), mediada pela Me. Emanuelly Falqueto (Ascom TJAC) iniciando às 18h.

No mesmo dia às 19:30, iniciaremos a mesa-redonda com o tema “Jornalismo e as consequências da desinformação”, com os convidados Adailson Oliveira (jornalista TV Gazeta) e o Prof. Dr. Leonardo Leni (Ufac), mediado pela Prof. Me. Lisânia Ghisi Gomes.

Já no terceiro dia da Seacom (03 de março), teremos a palestra de encerramento intitulada “Meio ambiente e desinformação”, com a Elaíze Farias (Editora no Amazônia Real), às 18h, mediado pelo Prof. Dr. Mauricio Bittencourt.

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